Vivemos em uma era onde as redes sociais transformaram radicalmente nossa interação com a informação.
Essas plataformas, movidas por algoritmos, moldam nossas percepções de realidade e influenciam comportamentos em massa. Durante a pandemia de Covid-19, vimos como teorias negacionistas se disseminaram rapidamente, ilustrando o potencial dessas redes para distorcer a verdade.
Mas a manipulação informacional não se limita à saúde pública; ela se estende ao campo político, intensificando a polarização e desafiando os fundamentos da democracia. As “câmaras de eco” e “filtros bolha” criados pelos algoritmos fazem com que sejamos expostos repetidamente a pontos de vista semelhantes, reforçando nossas crenças e isolando-nos de outras perspectivas.
O Que São Câmaras de Eco e Filtros Bolha?
As câmaras de eco surgem quando os usuários de redes sociais são expostos repetidamente a pontos de vista similares aos seus próprios. Esse fenômeno amplifica e reforça suas crenças pré-existentes dentro de um sistema fechado, onde outras perspectivas são minimizadas ou excluídas. Filtros bolha, por outro lado, resultam da personalização algorítmica que seleciona e apresenta informações alinhadas com as preferências e comportamentos anteriores do usuário. Isso significa que cada pessoa vê um conteúdo diferente, baseado no que os algoritmos acreditam que ela gostaria de ver, isolando-a de conteúdos divergentes.
Juntos, esses fenômenos contribuem para um ambiente onde a exposição a uma diversidade de perspectivas é limitada, fortalecendo a polarização e minando o diálogo e a compreensão mútua.
Sociedade da Informação: Promessa e Paradoxo
Na “sociedade da informação”, temos acesso a uma quantidade sem precedentes de dados. No entanto, essa abundância traz um desafio: discernir entre verdade e manipulação. Quanto mais informações temos ao nosso alcance, mais difícil se torna identificar o que é realmente verdadeiro.
Teorias da Verdade em Debate
No artigo para a Revista Humanitas 175 (artigo completo disponível aqui), escrito com meu colega João Antonio de Moraes, exploramos diferentes teorias filosóficas sobre a verdade e como os vieses algorítmicos podem distorcer nossa compreensão dela. Abordamos o correspondentismo, que avalia a verdade pela correspondência com a realidade; o coerentismo, que enfatiza a coesão interna entre crenças; o consensualismo, que determina a verdade pelo consenso dentro de uma comunidade; e o pragmatismo, que avalia a verdade em termos de suas consequências práticas.
Cada uma dessas abordagens oferece uma perspectiva única para analisarmos criticamente a informação que consumimos diariamente.
Um Convite à Reflexão
Convido você a refletir sobre como essas questões impactam sua própria relação com a informação. Você se sente preso em uma “câmara de eco”? As informações que consome passam pelo crivo de um filtro bolha? Como podemos adotar uma postura crítica e diversificada na era digital?
Para uma análise mais detalhada e uma discussão aprofundada sobre esses temas, convido você a ler o artigo completo. Nele levantamos algumas sugestões sobre como podemos nos proteger da manipulação informacional exacerbada pelas Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs).
Vamos juntos explorar como podemos navegar de maneira mais segura e crítica no vasto mar da informação digital.