Pensamento Crítico pode ser definido como o processo de formar novas crenças e opiniões através da conceituação, aplicação, análise, síntese ou avaliação de novas informações coletadas ou geradas pela observação, experiência, reflexão, raciocínio ou comunicação, fundamentando assim possíveis ações futuras.
Em linhas gerais, o pensamento crítico envolve três elementos fundamentais (Glaser 1941):
(1) uma atitude de estar disposto a considerar de uma forma ponderada os problemas e assuntos que vêm dentro da gama de experiências de alguém;
(2) conhecimento dos métodos de investigação e raciocínio lógico;
(3) alguma habilidade na aplicação desses métodos.
Podemos didaticamente resumir tais elementos por três grandes perguntas, que ilustram o pensar criticamente: “E se?”, “Por que?” e “Como?”. Estas perguntas refletem um esforço persistente para examinar qualquer suposta forma de conhecimento à luz das evidências que o apoia, bem como das distintas conclusões alcançadas pelo mesmo. Desta forma, tais perguntas poderiam descrever a própria atitude de investigação presente no método científico.
Segundo Carnielli e Epstein (2010), o referido esforço é sustentado pelo aprendizado de habilidades para identificar se estamos diante de uma afirmação verdadeira (o que envolve identificar frases vagas, ambíguas e afirmações morais), bem como de técnicas para construir e identificar um bom argumento. Neste caso, podemos definir um bom argumento como aquele em que há boas razões para se acreditar que as premissas sejam verdadeiras, e as premissas apresentam boas razões para se acreditar na verdade da conclusão.
O pensar criticamente é uma atividade fundamental para a manutenção de verdadeiras democracias – precisamos pensar criticamente para sermos melhores cidadãos e melhores profissionais, participando de um modo mais produtivo nas relações interpessoais através de opiniões mais claramente formuladas e bem fundamentadas.
Se dominarmos o pensamento crítico não seremos tão facilmente enganados pelo mau jornalismo, pelos maus políticos e demais formadores de opinião. Desta forma, fomentar o pensamento crítico tem se tornado cada vez mais fundamental em uma sociedade em constante mudança, pautada principalmente pela rápida evolução da tecnologia e facilidade de acesso massivo às diferentes opiniões sobre um mesmo tema.
Graças à volatilidade da informação, o próprio conhecimento passa a ser questionado pelas falácias da internet, argumentos tendenciosos da mídia, truques do mercado e distintas crenças ou ideologias – fazendo com que muitos considerem o mundo contemporâneo como a era da pós-verdade (McIntyre, 2018).
Assista à aula abaixo (de Walter Carnielli para o projeto ideIA+) para entender a relação do Pensamento Crítico com a Lógica e a Argumentação (10 minutos).
Referências
Carnielli, Walter; Epstein, Richard. Pensamento Crítico: o Poder da Lógica e da Argumentação Segunda ed. São Paulo: Rideel, 2010.
Glaser, Edward M. An Experiment in the Development of Critical Thinking, Teacher’s College, Columbia University, 1941.
Hitchcock, David, “Critical Thinking”, The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Fall 2020 Edition), Edward N. Zalta (ed.), URL = <https://plato.stanford.edu/archives/fall2020/entries/critical-thinking/>.
McIntyre, Lee. Post Truth. MIT Press, 2018